segunda-feira, 31 de maio de 2010

Onipotência

Onipotência
Pr. Ricardo Gondim


Ouso pensar o mistério. Atrevo-me a nadar em águas sem fronteiras, aventurar-me no oceano infindável em que as afirmações suscitam novas dúvidas. De antemão, valho-me da máxima socrática: “Só sei que nada sei!”. Aproprio-me também do princípio de Tomás de Aquino em sua Suma Teológica: "A respeito de Deus, quando não podemos saber o que ele é, sabemos o que não é".

Reconheço que "teologia é uma linguagem sobre Deus", como bem afirmou Gustavo Gutierrez. Portanto, se teologia é linguagem, será imprecisa, precária e sempre relativa. Ninguém é possuidor da “verdade absoluta” e mesmo que fosse, seria incapaz de traduzi-la, explicá-la ou demonstrá-la com “absoluta exatidão”. Assim, toda a teologia é passível de ser criticada, revisada e aperfeiçoada.

Minha ousadia tem a ver com o conceito teológico da onipotência, tão defendido e tão comumente assumido na fé popular. Desde a República de Platão já era possível encontrar o pressuposto de que Deus é imutável e, óbvio, onipotente. Por onipotência, entende-se perfeição em poder. Portanto, um Deus onipotente é compreendido como um ente que mantém os acontecimentos previstos, realizados e supervisionados de acordo com sua vontade.

Esse conceito de perfeição, que vem da tradição grega, ressalta que um Deus onipotente nunca pode mudar. Qualquer mudança implicaria em uma aceitação de que o estado anterior era melhor ou pior, o que é impossível para a Divindade. Em outras palavras, se Deus alegrar-se é porque antes estava sério. E se alegria é melhor que sisudez, Deus teria melhorado. Impossível! Perdoar, ter misericórdia, alterar destinos, nada disso seria concebível para Deus pois são decisões que alteram a perfeição divina.

Influenciada por esse conceito, a teologia clássica pontifica que Deus é "o poder mais poderoso que se possa imaginar". E esse pressuposto é tão caro aos crentes, que muitos ficam zangados diante de qualquer questionamento. Mas cabe a pergunta: De que jeito é o poder mais poderoso que se possa imaginar? Os mais rápidos no gatilho teológico sacam as armas e respondem: “O poder de tudo controlar, de tudo organizar, de tudo gerenciar”. Para eles, o maior poder concebível seria Deus regulando ou arbitrando sobre os nano detalhes do universo.

Essa ideia sobre Deus parece a mais lógica porque, dentro de elaborações gregas, realmente é inconcebível que Deus continue Deus sem que dirija os eventos tanto do universo visível como invisível. Alguns, contudo, resistem ferozmente que uma onipotência os comande; não admitem um universo encabrestado. Esses preferem se tornar ateus. Pe François Varillon afirma:

Não sejamos superficiais ao analisar a posição desses homens; no fundo, eles julgam mais digno do homem e consequentemente mais verdadeiro preferir um céu vazio ao fantasma de um imperador do mundo, potentado, déspota, dramaturgo supremo, a manobrar as marionetes da tragicomédia humana, fixando petrificando ou curto-circuitando liberdades que, aliás, supõe-se que haja criado.

A presença do mal se transforma em um nó dificílimo de desatar na filosofia e na teologia. Se Deus tem o poder de tudo determinar e tudo gerenciar, como aconteceu o pecado? Existiu o livre arbítrio em algum tempo? Se existiu, duas vontades colidiram. Se pecado é escolher o mal ou o vício, como alguém (até mesmo o primeiro casal) poderia fazer essa escolha sem infringir a vontade onipotente de Deus? No caso de um pecado original, ou Deus se fez de rogado ou intencionou, por detrás dos panos, que acontecesse a primeira transgressão. No exato instante da primeira rebelião, Deus estava no controle?

Caso tenha decidido não interferir nas decisões erradas quando podia fazê-lo, será que Deus tem objetivos posteriores? A sua onipotência fica preservada, mas ele deixa um rastro suspeito. Deus trabalha com armações maquiavélicas, em que os fins justificam os meios? Será que a universalização do sofrimento com tragédias dantescas estão rigorosamente sob seu querer para que o capítulo final da história permaneça glorioso?

Aqui começam os problemas. Se Deus traçou todos os mínimos detalhes da história e tem tudo sob seu mais rígido mando, não só os esboços gerais dos acontecimentos, mas os detalhes estão “pré-ordenados”. Quando um maníaco estupra e mata seis adolescentes, o homicídio não foi só previsto, mas arquitetado pelo Divino. E como poder absoluto não pode admitir detalhes fora do seu governo, as sórdidas minúcias do crime, bem como a macabra execução, teriam que ser não só antecipados, como minimamente determinados por Deus. Criminosos, genocidas, torturadores não passariam de executores finais de uma vontade escondida. Se "soberania" não permite ações dentro de parâmetros largos, então "soberania" especifica cada atitude e micro-gerencia os pormenores das escolhas de Madre Teresa, Pinochet, Gandhi e Idi Amin. A história se resume ao mero desenrolar de uma "vontade ativa" ou "permissiva" de Deus.

Teólogos fundamentalistas escrevem coisas estranhas (não se espante nem ria): “A vontade de Deus era que o criminoso agisse, mas que o fizesse com liberdade”. Vem embutida nesta afirmação um conceito muito caro para o calvinismo: “É possível ser livre e controlado ao mesmo tempo”. Sabe-se lá o que isso significa. Já fui contestado com argumentos do tipo: “A vontade de Deus é que o maligno se sinta livre para praticar a sua malignidade, mas que escolha debaixo da rigorosa vontade de Deus”. A incoerência interna do argumento é tão absurda que não merece ser levada a sério. Entretanto, ela é repetida e comentada como “ortodoxa” em colóquios teológicos. Insisto na pergunta: Como uma pessoa pode agir com liberdade se foi programada e determinada, sem opção de transgredir?

Será que o poder de Deus é sua capacidade de fazer com que os humanos se comportem exatamente como ele quer, enquanto acreditam que são livres? Se esse for o caso, a humanidade vive sob o império do logro. A humanidade é pior do que os golfinhos que se imaginam livres quando fazem estripulias dentro dos aquários e mal percebem que só cumprem os acenos do adestrador. Sim, seríamos piores que os golfinhos. Eles não são dotados de uma racionalidade consciente como os humanos.

Varillon afirmou que “seria radicalmente impossível para mim fiar-me em Deus, abandonar-me a Ele em confiança se nada soubesse sobre a natureza de seu poder. Sim, Deus é todo-poderoso, mas poderoso com que poder?” O poder de Deus é o poder do seu amor.

No caso de haver um controlador, seja lá qual for esse poder, alguns (eu me incluo entre eles) preferem a liberdade à escravidão. Repito as palavras de Varillon: “Não posso afirmar que creio num Deus todo-poderoso, a não ser que tenha a certeza de que se trata de um poder que não ameaça a minha liberdade".

Portanto, “a onipotência de Deus é onipotência de amor”. Novamente concedo a palavra a Varillon:

Entre onipotência e amor todo-poderoso, há uma grande diferença; há literalmente um abismo. O cristão não diz acreditar que Deus é todo-poderoso, diz acreditar em um Deus Pai todo-poderoso. No Credo, a afirmação de Deus e de sua onipotência é pronunciada e compreendida num movimento de confiança e amor, expresso precisamente por essa preposição. Dizer:creio em ti é dizer: sei que teu poder não é um perigo para minha liberdade, mas que ele está, bem ao contrário, a serviço da minha liberdade.

Deus é amor. Seu amor é onipotente. Repito e repetirei um milhão de vezes: Deus tem poder para amar infinita e fielmente, nunca para controlar.
Soli Deo Gloria
*Let*

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Confiança em Deus


Gênesis 22:5

"Então, disse (Abraão) a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós".

A história de Abraão é muito conhecida por todos nós, mais existe alguns pontos que podemos relembrar para entender-mos a dimensão da confiança que Abraão tinha em Deus.
Um ponto marcante que vejo em sua vida foi logo quando Deus disse para ele sair de sua Terra, de sua casa para ir há uma Terra desconhecida, ali Deus fez uma promessa: “Em Ti serão benditas todas as nações da Terra, tu serás uma benção” (Gênesis 12).

A caminhada de Abraão começou com esse chamado, e o princípio da Intimidade que ele tinha com Deus era conseqüência da obediência que ele tinha a voz de Deus. Abraão tinha 75 anos quando isto aconteceu, 24 anos depois (já com 99 anos) Deus aparece a ele novamente com uma nova promessa, visando até este momento e lógico pulando alguns fatos de sua história existia uma falta na vida de Abraão, ele não tinha filhos. Deus foi bem na ferida, lhe promete GERAÇÕES, (Gênesis 17).

É difícil acreditar, todos os “protocolos humanos” leva ao desânimo, mas Abraão continuou sua jornada e no ano seguinte nasce Isaque (Gn. 21). Fiz este pequeno resumo só para entender-mos melhor o que Isaque significava. Isaque foi o filho da promessa, algo muito desejado não só por Abraão mas por Sara.

E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi ”. Vamos imaginar um pouco este momento, quem sabe se fosse eu no mesmo momento diria: Senhor !? Esperei tanto !!! É complicado, mas Abraão conhecia Deus, a palavra de Deus diz que na madrugada ele se levantou e foi se preparar para o holocausto, sem reclamações, sem ao menos demonstrar o medo e no terceiro dia ele viu o local separado por Deus. Ele foi só com Isaque. Isso me faz pensar em uma pergunta: Porque Abraão estava tão convicto de que iria voltar com Isaque? Digo isto porque em Gênesis 22:5 “Ele diz aos moços que o acompanhava: Ficai-vos aqui com o jumento, que eu e Isaque iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós”. Como Abraão poderia dizer isto se ele sabia que iria imolar Isaque no altar? Nos parece que Abraão já sabia o que estava no coração de Deus e já sabia que ia acontecer.

Bom já sabemos o final da história, no momento que Abraão ia sacrificar seu filho Isaque Deus enviou um Cordeiro. Em todos os momentos vemos a postura de Abraão percebemos que ele tinha absoluta confiança no Pai, independente das circunstâncias.

Devemos aprender com Abraão a ter confiança no nosso Pai, isto também é uma forma de adorar.
*Let*
BjoOs

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deus se importa com você !!!

Não é que esta coisa de escrever está me fazendo bem rs !!! Hoje estava vindo trabalhar e comecei a pensar em algumas coisas (Trabalho, Faculdade, Igreja e etc). Tem dia que nos sentimos tão pressionados pelo mundo. É engraçado que eles definem um padrão de vida que na aparência deles dá certo, exemplo:

Para uma pessoa ser feliz ela tem que ter um bom emprego, estar namorando, ter bens (carros, roupas e etc), uma vez comecei a me questionar, porque as pessoas tem a facilidade de me perguntar: E ai esta namorando ??? Porque elas não me pergunta: Como estou ? rs

Mas, acima de toda pressão humana existe um Deus que nos compreende sem nenhuma explicação, sem nenhuma palavra dita. Estou vivendo um momento muito bom, essas minhas conversas com o "Meu Amigo" tem mudado a minha forma de pensar. Todos os dias recebo algo novo:


Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já
passaram; eis que tudo se fez novo. II Coríntios 5:17

Deus nos faz viver fora dos padrões da sociedade, talvez tem dado tudo errado: (Relacionamento, Emprego, Estudos, Vida Financeira e etc), mas é muito bom saber que existe um Deus que se importa com você.

Ele Não Desiste de Você
Marquinhos Gomes




Não importa quem você é
Não importa o que você fez
Jesus conhece o seu interior também
Quantas vezes você caiu
Tentando acertar
Mais a angustia e o desespero
Te fez chorar

Não importa por onde você foi
Se na escuridão da noite
Ele apaga o seu passado
E não desiste de você


Ele não desiste de você
Ele se importa com você
Ele compreende seu caminhar
Nunca vi amor tão grande assim

Beijos Let :)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Livre Acesso !!!



Êxodo 19 - Antes da vinda de Jesus, o povo de Israel conhecia a Deus como o Santo e temível de quem não poderiam se aproximar. Quando Deus se manifestou no Monte Sinai, eles suplicaram para que Ele não lhes falasse mais. Ex 19:16 e Hb 12:18-24. Era um espetáculo terrível segundo a palavra, era de fogo, escuridão, trevas e som de trombetas. O povo ficou de longe. A ordem era para que ninguém tocasse no Monte ou morreria. Moisés, ali, recebeu as leis de Deus e contemplou a Glória d'Ele.


Hebreus 12:18-24 - Já o monte da nova aliança é o Calvário, onde Jesus morreu por nós. O Calvário fica no Monte Sião. A diferença entre Sinai e Sião é enorme. Enquanto ninguém se aproximava do Sinai, somos chamados a tocar, a subir, a estar em Sião, como declara o escritor da epistola aos Hebreus. No Sinai, a lei foi entregue ao povo, mas no monte Sião Deus não exigiu nada. Em Sião ele apenas se deu por nós, derramou seu sangue para cobrir nossas falhas e imperfeições. Essa compreensão faz toda a diferença em nosso relacionamento com Deus.


Quero te chamar a atenção. Qual dos dois você está? Será que você continua vivendo um relacionamento com Deus marcado pelo medo, pela culpa? Você tem se visto agora se achegando sempre a Deus apenas no Sinai? Ou você já se achegou à realidade de Sião? Se o monte Sinai é a sua referência hoje você vai pro cume do Monte de Sião. Lembro-me claramente de algumas vezes em que me percebi no Monte Sinai, e não em Sião. Eu pensava que meu muito fazer agradaria a Deus e eu sentia uma obrigação e quando não fazia me sentia muito mal. Eu tinha medo de que Deus me aceitasse apenas se eu acertasse, ou apenas se eu fizesse isso ou aquilo para Ele. Hoje quando falho arrependo-me profundamente. Antes eu me sentia tão condenada a ponto de ficar dias sem ir ao meu encontro secreto com Deus. Mas hoje é diferente, sei que a graça me cobre, e não é meu muito fazer que me leva a ser mais ou menos amado ou aceito por Deus.


Hoje, corro de volta para meu encontro com Senhor no Monte Sião e sei, que, fazendo ou não as coisas que são boas para meu crescimento espiritual, é a graça que me cobre sempre. Sem ela, eu já estaria perdida, sem esperança de recomeçar todas as vezes que falho.


O caminho da graça


No templo havia um lugar onde apenas o sumo sacerdote entrava. Era o “Santo dos Santos”. Esse santíssimo lugar ficava separado por um véu, e ali o sacerdote entrava apenas uma vez por ano. No dia da expiação que ele oferecia a Deus um sacrifício que cobria seus próprios pecados e os pecados do povo (Lv 16). Ali diante da presença de Deus um sacrifício o sacerdote poderia até morrer. Para que isso não viesse a acontecer era necessário encher de fumaça, tampando a si mesmo e cobrindo o propiciatório com uma nuvem de incenso. É maravilhoso saber que hoje, neste tempo inaugurado por Jesus, podemos entrar sem medo na presença de Deus. Podemos nos achegar a ele com toda liberdade e ousadia.


Você sabe o porquê do grande privilegio?


A Bíblia relata que, ao mesmo em que a carne de Cristo era rasgada por nós na cruz, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, Mt 27:51. Sobrenaturalmente o véu foi rasgado para que entendêssemos que o acesso a Deus estava aberto. Portanto, cobertos pelo sangue do cordeiro, Jesus, temos livre acesso, isso é o que diz Hb 10:19-22.


Infelizmente, muitos de nós ainda não sabemos que Jesus veio inaugurar este novo tempo, o tempo da graça. Muitas pessoas ainda se aproximam de Deus cheias do medo de serem destruídas por ele por causa dos seus pecados. Ficam intimidadas pelos pecados do passado e pelos tropeços na caminhada presente. E pra falar a verdade a graça supera nosso entendimento. Ela nos cobriu totalmente e por mais certinhos que fossemos necessitaríamos da graça. Se Deus nos olhasse sem a graça estaríamos perdidos, pois nunca estamos completamente limpos. Existem pecados de omissão, motivações erradas, enfim é como trapo de imundície relatado em Isaias 64:6.


Você está em que monte: no Sinai, o monte do medo, dos fogos, o monte que tudo é restrito e até o sacerdote é privado de ir ao Santo dos Santos pois sem a fumaça ele morre, ou você está no monte Sião, o monte da graça, do perdão, da redenção, da cura, da salvação, o monte em que o próprio Deus deseja se encontra conosco, em que monte você esta no Sinai que é intocável, ou no de Sião que tem o véu rasgado e podemos adentrar até o Santo dos Santos.


Para chegar ao Monte Sião basta somente você se prostrar diante da cruz, cruz que estava em Sião e que nos redime de toda mácula !!!


Beijos Let